Toda mãe e pai tem medo de criar trauma em seu filho. Existe uma fantasia social que nos perturba e nos assombra: a melhor mãe do mundo com o melhor filho, o mais calmo e obediente. Essa fantasia está em diversos lugares como propagandas, novelas, filmes, ou alguém contando vantagem em todas as conversas. Isso é um pesadelo para todas as mães porque elas nunca conseguem acreditar que são suficientes, ou ainda se culpam o tempo todo porque os filhos notam as suas falhas.
A psicologia ainda piorou tudo isso, colocando que a maioria dos transtornos ou dificuldades na vida adulta são culpa das mães, afinal não foram suficientemente boas, e com isso, seus filhos iriam precisar de muitos anos de terapia para se recuperarem. Acrescente a isso o medo de criar trauma no seu filho, recorrente já que ele veio com a falta de um manual explicativo, e é impossível ter certeza do resultado futuro de cada ação ou palavra na infância e na vida adulta.
Os manuais e as técnicas de educação são inúmeras. Acredito que mesmo lendo todos, a dúvida continuaria na sua cabeça. O que agrava a sensação de incapacidade são os palpites, com a certeza de que existe a solução para sua dificuldade e que ela é muito simples. Esses comentários desagradáveis são ditos pelas pessoas que ainda não viveram ou que já se esqueceram das dificuldades, afinal todos somos diferentes e com as crianças não seria diferente.
Desde de quando podemos estabelecer o trauma?
Na gravidez você não pode se dar o direito de ficar cansada e reclamar, de ficar com raiva de estar grávida e não poder beber, ou porque está passando muito mal. Não pode desejar não ter engravidado daquele cara ou nesse momento da carreira, nem ao menos chorar por causa dos hormônios ou pelo medo do parto. Afinal o bebê não só escuta o que você está dizendo, mas ele também sente.
Esse medo de como será seu filho na vida adulta e do que ele terá para jogar na sua cara é constante, poderia aqui te dar milhões de exemplos. Mas acredito que estamos falando de duas aptidões importantes: a habilidade de poder acreditar no seu instinto, e ser verdadeiro com o que você acredita. Pois dessa forma será coerente, ficando mais confiante e impedindo que seu filho fique confuso. E mais profundamente estamos falando do medo de perder o controle, afinal esse bebê era somente seu e agora o seu futuro é completamente imprevisível.
Traumatizar um filho é ficar tão neurótica em não poder errar, em ter certeza de que eles estão fazendo tudo no tempo certo, é fazer demais. Não é colo demais que estraga, é todo o resto que vem junto que é excessivo. Respeitar seu filho, que é seu e único, só isso importa.
Porque na verdade, a maternidade ou paternidade é completamente sem controle, não conseguimos controlar nem mesmo a rotina quanto mais impedir os pensamentos. E tudo bem,criar é como costurar uma colcha de retalhos, nem todos precisam ser lindos, perfeitamente cortados ou costurados, mas o que importa é o amor e dedicação que foi colocado ali. Assim nós já sabemos o resultado: fica confortável e perfeito.
