Como prevenir o suicídio - 10 fatores de proteção do suicídio

Como prevenir o suicídio – 10 fatores de proteção do suicídio

Você encontra muitos textos sobre mitos e causas do suicídio, histórias tristes de pessoas cotidianas que são extremamente tristes. Mas hoje eu escolhi fazer diferente, separei em alguns tópicos para te ajudar a entender mais sobre como ajudar alguém que pensa em se matar ou que já tentou suicídio.

Dessa forma, eu espero que você entenda mais do que hoje, e possa oferecer informação de qualidade quando alguém falar sobre o assunto. Eu sei que ninguém gostaria de ter um parente ou amigo pensando em uma situação grave como essa, mas podemos deixá-la menos pior.

Como prevenir o suicídio - 10 fatores de proteção do suicídio

1- Leve todas as ameaças de suicídio a sério

Existe um mito muito comum que diz que “cão que late não morde”, ou seja, que pessoas que ameaçam ou tentam suicídio e não conseguem, não teriam coragem de realmente tirar sua própria vida. Esse pensamento tem sido usado há muito anos como forma de negligenciar essas pessoas que estão muito doentes e precisam de ajuda, dessa forma a pessoa que deveria ser responsável e ajuda-lá, inclusive com os tópicos que vou dizer abaixo, se ausentam da responsabilidade.

De acordo com Neury Botega especialista em suicídio, estima-se que o número de tentativas de suicídio supere o número de mortes em pelo menos dez vezes, e a partir de uma pesquisa revelou que “a proporção de jovens com ideação suicida que chegou a tentativa de suicídio foi de 60% entre os que tinham plano de como fazê-lo.”

Além disso, ele demonstra que depois um ano após a tentativa, aumenta em 60 vezes a probabilidade de morte. “Uma revisão de estudos de segmentos de pessoas que tentaram suicídio mostra que, dentro de um período de quatro anos, 21% fazem novas tentativas e 3,4% cometem o suicídio. Em períodos mais longos, a porcentagem de pessoas que se matam alcança 12%. Essa cifra representa um risco 38 vezes maior do que o encontrado na população geral.”

2-  Adesão ao tratamento

O fator de proteção mais importante é a disposição em buscar ajuda, conseguir uma boa relação terapêutica e ter a disponibilidade de serviços de saúde mental. Pois dessa forma, a pessoa se compromete em melhorar e enxerga como uma janela no fim do túnel uma possibilidade de ter ajuda e de melhorar.

É muito comum a pessoa estar tão perturbada mentalmente que tem a certeza que o caso dela é tão perdido que nem vale a pena ir atrás de uma ajuda. Outro agravamento que impede o tratamento é se sentir tóxica ou que vai atrapalhar o profissional e vai causar um caos. Por esses, ou por outros fatores acabam abandonando o tratamento por não ir a consultas ou não tomando as medicações como prescritas. Dessa forma, sabotam o tratamento de alguma forma, sem seguir as orientações médicas, vão às consultas só quando tem vontade e tomam as medicações como querem.

Você como familiar ou amigo, pode orientar da importância e acompanhá-lo ao serviço. Dependo do risco até a se responsabilizar pela medicação para que ela possa ser tomada regularmente e não possa ser um método para o suicídio. Porque muito provavelmente esta pessoa está tão confusa que pode ter dificuldades cognitivas para entender e acatar as orientações.

Com o tratamento esta pessoa pode tomar consciência de o que ela está passando é uma doença e que tem tratamento, que não é o destino, uma culpa, um azar ou qualquer explicação catastrófica e definitiva. E que ele sim é útil para o caso dela

Aqui vai uma orientação importante: não adianta ter pressa, mas se em 04 ou 06 meses não houve nenhuma alteração no quadro, mesmo que pequena, é indicado conversar com o médico e psicólogo, e verificar a possibilidade da mudança de profissionais. Ter qualquer outra doença psicológica, dor, incapacidade, alta hospitalar, são fatores de risco importantes também.

 

3- Ter um bom relacionamento interpessoal

É muito importante ter um apoio em situação de necessidade e se sentir responsável pela família ou grupos sociais (colegas, amigos, vizinhos), não querer causar sofrimento a mais pessoas e ter a confiança de que eles podem ajuda-lá.

São pessoas que não irão dizer: “já deu, isso é frescura, você não quer melhorar”, culpar, perder a paciência, brigar, isso só irá agravar o caso, pois ela perderá mais alguém da estrutura que confia. É muito comum a demora para melhor e é uma doença, que não se cura só com boa vontade. Se pra você é difícil entender isso, talvez  não tenha como você ser a pessoa que vai apoiar.

Afinal, estamos dizendo de uma pessoa que já sente que está incomodando, que é um fardo, que é imprestável. O grupo precisa transmitir coisas boas, ter conversas positivas, estar disponível para conversar das coisas que ela quiser falar, mesmo que sejam ruins, pessoas que não tenham medo dela.

O isolamento ou falta de apoio social, são fatores de risco importantes, como a discórdia familiar, desilusão amorosa e relações conflituosas. Pra você ter noção, a taxa de suicídio entre viúvo, separado ou divorciado costuma ser 04 vezes maior, solteiros são o dobro de casados. Para as mulheres, ter criança pequena na casa ou gravidez, também são fatores de proteção. Mas aqui vai um alerta importante para quem está em um relacionamento com pessoas que correm o risco de suicídio, a responsabilidade não é sua, é de um grupo, da família, dos amigos e dos profissionais que estão atendendo o caso. Estamos dizendo que essa pessoa precisa de uma vida melhor e de esperança, estar em um relacionamento horrível e sabendo que a pessoa gostaria de se separar não ajuda, mas existem formas melhores de se resolver.

Como prevenir o suicídio - 10 fatores de proteção do suicídio

4- Prática religiosa 

São ótimas porque dão esperança, como se dessa forma, por meio de um pai, seja qual nome que dá a este deus, pudesse guiar sua vida para um caminho melhor, gerando esperança.

Além disso, participar de um grupo e ter a obrigação com ele te faz ter que levantar da cama, se esforçar por eles, se sentir amado, não querer fazer com o os outros sofram. E são inúmeros os encontros, missas, grupo de estudos, orientações, atividades paroquiais criando interações pessoais e apoio.

Além de que, muitas religiões consideram essa prática um pecado e determinam punições horríveis, que poderiam ser interpretadas como um sofrimento pior do que a vida na terra. Claro que você não vai obrigar um ateu a ir para a igreja para melhorar, não é o Deus que vai sarar, é a esperança. Ainda é possível entender que o sofrimento na terra nós sabemos como é, e temos inúmeras ferramentas para melhorar e lidar com ele, já na morte não temos certeza nenhuma de como é.

5- Flexibilidade cognitiva 

Essa é a parte que mais falo quando digo de saúde mental, são habilidades importantes para todas as pessoas, e essenciais para não correr o risco de adoecer e chegar ao risco de suicídio. Habilidade para solucionar problemas, capacidade para fazer uma boa avaliação da realidade, momento de muitas fantasias.

A flexibilidade cognitiva é por ser criativo, e não determinista, 8 ou 80, sou ruim, devo morrer, não tem mais nada aqui, sou burro, não sirvo para nada. Quando se consegue pensar além, podemos conseguir ter a habilidade de resolver problemas, porque a vida é resolver problemas, todos os tem e muitos. É como uma pilha, quanto mais você resolve menor ela fica. Se a pessoa está rígida ela pára de resolver e tudo fica um caos, impossível de ser resolvido. 

Depois disso podemos pensar no acesso à realidade, significa que as fantasias, todo o mundo imaginário pode diminuir para você verificar se faz sentido tudo isso você está pensando. Auxiliando muito em todas as funções anteriores. Dessa forma, é possível diminuir a confusão, ansiedade, agitação, desesperança que elevam o risco de suicídio.

6- Pais atenciosos e consistentes – Adesão a valores e normas socialmente compartilhados

É um risco quando os pais são separados, quando um dos genitores morreu, se sofreu abuso físico por um deles, se algum deles tem transtorno mental, se existe discórdia, sentir-se humilhado, ou sofrido agressões por um desses familiares.

Esse texto todo fala sobre esperança, quando uma infância é boa e positiva, os pais conseguem inserir na criança como um depósito de situações boas, dessa forma, é como se quando as coisas estivessem muito ruins ela pudesse olhar para isso e acreditar num momento melhor.

Existe aquela crença de que seus pais seriam as pessoas que mais te amam, que te acham mais lindo, e quando são elas as que mais te maltratam ou te deixam confusos, não existe a esperança de outras pessoas te querer bem e são essas experiências as que você projeta para toda vida.

Além disso, ter vivenciado uma boa relação com os pais ou cuidadores principais gera uma certeza do que é certo ou errado, o que dificulta com que a pessoa comece a não aderir ao tratamento, faltar ao trabalho, começar a maltratar e se afastar das pessoas.

7- Estar empregado

Sente que cumpre mais sua função social, e além disso tem que se manter ativo, tanto físico quanto cognitivo, ele se mantém entregando algo de qualidade, mantendo a sua produtividade. Estar sem trabalho corrobora a fantasia de estar sendo um peso, um fardo para a família, inútil, quanto mais tempo esse desemprego se arrasta, se estabelece uma fantasia de que ele não conseguia mais encontrar, então que estar morto facilitaria a vida da família.

Além disso, no ambiente profissional tem que manter relações sociais, participar de grupo como já dissemos, é algo importante, e em uma empresa ele tem a responsabilidade de ajudá-la. Não deixá-la na mão, não prejudicá-la.

Quando se está desempregado o risco é muito maior,  principalmente em homens pela responsabilidade social vista como maior, mesmo na nossa sociedade que normalmente todos do lar trabalham para a manutenção.

8- Boa saúde 

Saúde e uma boa noite de sono ajudam e muito na regulação hormonal, o que ajuda a pessoa a ter ânimo para viver. O autocuidado existe como um todo, é querer estar vivo, querer estar bem por completo, tomar a medicação, ir ao médico, se alimentar bem, conviver com amigos, tomar sol, fazer uma caminhada. É muito comum quando ocorre a desesperança, a pessoa parar de se alimentar, de tomar banho, de trabalhar, de se exercitar, de arrumar a casa e parar com todos os cuidados.

Como prevenir o suicídio - 10 fatores de proteção do suicídio. psicologia mogi mirim

9- Comportamento autodestrutivo

Comportamentos de risco como dirigir em alta velocidade, não se medicar corretamente, são como um suicida sem intenção real de se matar, ele não vai pular da ponte, mas vai dirigir sem cinto a 150 quilômetros por hora. É como se delegar para o universo, é um “vai que…”

Ou a utilização de álcool e drogas que sabidamente é um escolha que já afeta a sua saúde e que além de não interagir bem com a medicação, sabidamente em grandes quantidades pode levar a morte ou a graves consequências para o corpo.

10- Ter acesso a meio letal

Estamos discutindo muito como ficará a legislação de armas e isso terá um enorme impacto em números de suicídios, porque o acesso a meio letal facilita muito que essa decisão ocorra impulsivamente. Quando estamos falando de armas a situação complica porque é um meio muito eficiente para conseguir alcançar a morte, dificultando que a tentativa possa ser mal sucedida ou que o salvamento possa acontecer antes.

Mas muitas outras coisas podem ser utilizadas como meios letais como medicações, facas e cordas. Algumas dessas a família pode conseguir afastar ao máximo possível da pessoa que já está ameaçando tirar sua própria vida. Alguns outros métodos são mais complexos e necessitam de tempo para planejamento, como de um local e até da compra das ferramentas que serão utilizadas, abrindo a possibilidade de uma intervenção da equipe profissional e dos familiares.

Espero que esse texto possa auxiliar muitas pessoas e que possamos conseguir salvar outras de tanto sofrimento.

 

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