Família Tóxica e disfuncional.

Sua família se relaciona de maneira saudável ou tóxica? Quando penso em família, estamos dizendo de um bloco, de uma comunidade, mesmo que ela tenha formatos bem diferentes da propaganda de margarina, que praticamente não exista ou que seja disfuncional. Por estarem interligados, se afetam e tentam equilibrar os lados, para que, de certa maneira, seja o mais harmônico e funcional possível.

Famílias não são todas iguais, algumas delas podem transformar a sua vida num inferno. Então vamos primeiro situar o que eu acredito, o que seria bom uma família ter e o que essas famílias doentes não tem.

Como é uma família saudável?

Existem duas características necessárias que são: a coerência, ou seja todos estão ali pelo bem de todos do grupo, o casal está unido para o desenvolvimento, o que se fala e o que irá acontecer realmente acontece e a flexibilidade que significa que elas não precisam funcionar da mesma forma sempre, pois não é porque a bisavó ensinou que vamos continuar, não é porque foi planejado assim no nascimento, que a criança tem que ser a vida toda. Isso significa que a família será capaz de resolver o conflito, sem causar mal a ninguém. Porque para evoluir muitas vezes é preciso mudar.

Famílias disfuncionais se autodestroem. E pensar nisso é importante porque elas foram a base doente do seu desenvolvimento e não tem como esconder o impacto na sua vida.

Eu preciso abrir um parênteses aqui para falar que embora pais sempre tenham as melhores das intenções e façam seu melhor, não quer dizer que irá te fazer bem. Podem sim causar marcas profundas em seus filhos.

Entenda a história da sua família:

Acredito que para entender tudo isso seria importante voltar nossos pensamentos para nossos avós, entender como essa mãe foi criada. Pois muitas vezes a ausência, falta de carinho e rigidez é como ela acredita que seria a melhor forma a educar seu filho, porque talvez seja a única que ela conhece. Depois, vamos pensar agora na gravidez, se foi programada, de surpresa, com um parceiro especial. Que impacto teve na família? Já haviam outros filhos? Foi uma gravidez saudável? E o parto, teve problemas? Como ela estava psicologicamente?

Existem mães que quando engravidam mesmo que dentro do planejado e com o amor da vida delas, pode deprimir muito. Não estou falando de depressão pós-parto, mas sim de alguém que já vinha passando por problemas psicológicos anteriormente. Essa mãe fica incapaz de fazer de forma eficaz os cuidados com o bebê, afinal ela se sente morta por dentro. Muito frequentemente esses bebês ficam aos cuidados de alguém da família ou desassistidos. Com isso surge o sentimento de abandono e de não ser suficientemente bom e até outras percepções de rejeição e ódio, já que nem a sua mãe se importou com ele.

Quando ocorre uma gravidez após perda gestacional, podem ocorrer fantasias de que ela preferia que esse bebê morto ficasse vivo ao invés de você, ou até da necessidade de compensar essa morte. Essas fantasias também podem acontecer quando algum problema muito grave ocorreu durante a gravidez ou o parto, imaginar que ela não queria que você vivesse, ou ela ainda pode querer te proteger demais para não correr o risco de perder mais um filho.

 

Como é sua família?

Imaginamos muitas coisas sobre como é a relação da nossa mãe com a gente. Podemos imaginar que por ser uma criança que ficava muito doente, que atrapalhou a vida dela. Que seu casamento com seu pai acabou por sua culpa. Mas existem mães que vivem grandes problemas psicológicos não diagnosticados, que convivem diariamente com inúmeras dificuldades e acabam criando situações de rivalidade com o bebê ou criança, que são super protetoras e controladoras, que projetam expectativas irreais, desagradáveis, abusivas e manipuladoras, confusas. Uma infinidade de possibilidades de você sim, ter uma péssima mãe.

Mas existe aquela mãe que se esforçou muito e mesmo assim cometeu grandes erros. Essa é a maioria delas, que não são malucas, ainda bem. Mas mesmo assim coisas que ela fez tiveram conseqüências no presente, afinal você viveu e desenvolveu com ela nos anos mais importantes da sua vida. É impossível acertar 100% do tempo, são muitas decisões.

Quero te assegurar que sim você pode ter raiva dela, sim você pode confrontá-la e tentar entender o porquê ela insistiu tanto nesse erro e o quanto isso te fez mal. No entanto preciso ser sincera e te contar que provavelmente ela fez o melhor que conseguiu com as ferramentas que ela tinha disponível. Para pensarmos sobre isso, vou dar aqui alguns exemplos de comportamentos disfuncionais.

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São disfuncionais quando:

Não conseguem evoluir e carregam modos de funcionamento anteriores que não funcionam. São como passar uma maldição para frente, é a família em que muitos bebem, ou se matam ou se agridem, como se houvesse um segredo escondido que nunca é vencido. Precisam manter uma aparência ou tradição a qualquer custo.

Não suportam separações:

Algumas famílias não suportam limites, moram meio que juntos, um entra na casa do outro, empresta tudo, um manda na vida do outro, não podem ter desejo nem vontade própria, tem que seguir ali com eles. Imagina namorar alguém de fora, mudar de cidade, ou não ir a um almoço de domingo.

Com membros ausentes ou doentes:

Famílias disfuncionais que aparece com bastante frequência no consultório: com membros ausentes ou doentes (física ou psicologicamente), criam uma sensação de culpa de que você deveria ser capaz de conseguir não ser abandonado ou de cuidar com dedicação, como se pudesse curar. A ideia é de que, se você fosse o melhor filho do mundo essa situação não existiria.

Gostaria de ressaltar aqui o mais comum na realidade brasileira, que é o pai ausente porque escolheu não fazer parte da criação dos filhos. Neste caso, normalmente outra figura da família assume seu papel, e se isso é feito de forma satisfatória, pode até não deixar nenhum resquício. No entanto, o abandono pode gerar uma falta que nunca conseguirá ser preenchida.

Família que disputa:

Por inveja ou ciúme, entre os irmãos ou tios, seja por dinheiro, beleza, jovialidade ou até motivos sexuais. É absurdo mas muito comum, quando a mãe vê a filha jovem e linda e tem medo dela roubar o pai ou padrasto. Isso acontece muito quando existem grandes quantias de dinheiro ou de prestígio que  foi sentido como não distribuído igualmente, e por conta disso, disputam qualquer coisa.

Famílias que não lidam com sentimentos:

Então no caso da raiva, ou precisam reprimir ao máximo, ou saem agredindo por aí. Tudo se torna um motivo para silêncio ou para briga, dessa forma é impossível uma conversa honesta, um desenvolvimento nesse relacionamento, e é muito fácil das pessoas não adquirirem essa habilidade e continuarem agindo dessa forma em outras relações.

Contraditórios:

Para algumas famílias a fala e a ação  não correspondem, não existe nenhuma coerência. Um filho pode e o outro não, ou a mãe diz que precisa economizar mas ela gasta muito. Confusões que geram uma dificuldade enorme de agradar, porque fica impossível já que as regras do jogo mudam a todo momento.

Fazem o uso dos filhos:

Como o bode expiatório para denunciar todos os problemas e dificuldades da família, então provavelmente todos fazem, mas ele precisa tomar a culpa para a família continuar incrível, ou o filho doente em que a família volta-se toda para ele, para cuidar como um cristal muito frágil. Ou ainda o filho salvador que vai recuperar o casamento, alguém da depressão ou que é a encarnação de alguém morto. O que, em todas essas alternativas, significa que não conseguem olhar verdadeiramente para esse filho e ver quem ele realmente é, e negligencia o casamento e os outros filhos.

Algo importante a ressaltar sobre estes filhos é que a decisão de ocupar esse lugar é multifatorial. É comum que eles se alinhem a este papel oferecido, ou seja, o bode expiatório, o filho ovelha negra. Se sentindo rejeitado, aceita este lugar e também se afasta, deixando assim, cada vez mais difícil que este vínculo passe a existir. Outros que eram somente crianças difíceis, podem utilizar drogas ou ter dificuldade de encontrar empregos reais que fortalecem novamente esta imagem.

Família que vive de fachada:

Sendo o casamento, ou o financeiro que não existe ou… muitas vezes vivem um segredo enorme e pior, ainda culpam uma terceira ocasião ou pessoa para isso. No caso do casamento a desculpa é que o filho não irá sobreviver sem eles, o que não é nem um pouco verdade. Isso impossibilita que qualquer verdade apareça, porque ela pode desmoronar a mentira que vêm vivendo.

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Famílias abusivas:

Mesmo que de maneira sutil, quando seu sofrimento é banalizado, ignorado, encarado como bobeira, criancice ou algo idiota, você ouve muitos: esquece isso, isso lá é problema? Você é louco, burro… Frases ditas repetidamente podem causar um dano enorme. Quando existe uma agressividade velada e autorizada, como se fosse comum e você não tivesse razão para reclamar, é assim que funciona a família. Toda vez que alguém perde seu direito básico de respeito é abusivo, como assim?

Por quê isso é importante?

Mas Camila, por quê é importante saber que minha família é tão ruim assim? Para entender no que isso impactou e você poder mudar esse padrão de relacionamento e poder até fazer terapia e até poder se afastar e colocar limite nessas pessoas quando for importante.

Winnicott separa em 2 tipos de mães e diz:

“Algumas mães funcionam em dois níveis. Num nível ( devo chamá-lo de nível acima?), querem apenas um coisa: que sua criança cresça, saia do cercado, vá à escola, encontre o mundo. Noutro nível mais profundo, em que a lógica não tem grande papel, a mãe não consegue abdicar dessa coisa tão precisa que é sua função materna; é mais fácil para ela sentir-se maternal quando seu bebê é dependente, do que quando, pelo crescimento, ele já começa a gostar de ser separado, independente e desafiador”.

Ou seja:

Dessa forma, mais subjetivas ou agressivas, famílias escondem humilhações e críticas que acentuam a insegurança e intimidação, assim, o outro ganha direito de controlar e manipular, o que torna impossível o desenvolvimento de uma autoestima como se espera.  Além de que esses pais costumam não achar que seu filho é bom suficiente, fazendo com que eles se esforçam em vão, nunca conseguindo um elogio, o que deixa marcas de ter certeza que nunca será bom, amado, que sempre precisará fazer um enorme esforço.

Isso é muito comum em mães narcisistas, que são abusivas, são donas da verdade, não têm empatia, têm dificuldade de autoestima, são perfeccionistas, vivem de aparências, têm dificuldade de admitir dificuldade, culpam a responsabilidade, não cumprem o que prometem, monopolizam, desprezam o sofrimento alheio, fogem da verdade, invejosas e rancorosas. Pior é a sensação de loucura quando você se dá conta de que sua mãe se diverte humilhando você, inclusive na frente dos outros. Que ela tem inveja do seu crescimento, da sua felicidade, da sua vida e sabota a sua felicidade.

Conclusão:

Quando um dos herdeiros desta loucura resolve que vai se cuidar com um psicólogo, vai arranjar um emprego, ou só não vai se envolver neste ciclo vicioso, pode ocorrer um movimento como o de ser expulso do paraíso, o que é muito confuso e dicotômico, já que o paraíso nesse caso é mais para inferno, e a promessa é a família feliz e que você não poderá viver sem que isso seria um enorme pecado, mas que essa não é a verdade.

É Importante saber que minha família é tão ruim assim, para entender no que isso impactou e você poder mudar esse padrão de relacionamento e poder até fazer terapia e até poder se afastar e colocar limite nessas pessoas quando for importante. E poder estabelecer novas formas de se relacionar.

 

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